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Artigo

A Educação rural alavancando o debate sobre a reforma da educação no ES

Publicado: 02 Março, 2016 - 16h09

Desde a ocupação da Secretaria da Educação por militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)no Espírito Santo,  o debate sobre a educação rural começou a se fazer presente entre a sociedade capixaba. A ocupação se deu com a participação do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA) e com apoio da CUT/ES, Fetaes Sindiupes e demais entidades defensoras da educação pública, gratuita e de qualidade.

A visibilidade que a ocupação da Sedu pelo MST deu ao assunto, no entanto, não foi seguida por um interesse da mídia convencional em tratar do assunto e lançar luz sobre o tema da educação rural. Para além da educação que se dá em todas as escolas, tanto nas grandes cidades, quanto em cidades pequenas, a educação rural tem especificidades, já que ela congrega valores específicos de comunidades rurais e de sua ação e interação com o trabalho rural. Assim temos escolas agrícolas, escolas com alternância presencial - escolas que adotam a pedagogia da alternância como forma de integrar o conhecimento adquirido no labor cotidiano.

Ainda para além desses aspectos houve a iniciativa governamental do estado de fechar escolas, turmas e turnos, mostrando uma clara intenção de diminuir o tamanho da rede escolar, mesmo que para isso se promovesse a superlotação em salas de aula, a migração de alunos de uma escola para outra, a demissão de profissionais da educação, entre outras  medidas que não trouxeram nenhum benefício ou sinal de qualidade à rede estadual de educação.

Ficou a impressão de que o governo do estado quis “punir” o magistério que não aceitou a imposição do programa “Escola Viva”, sem que o mesmo fosse amplamente debatido e discutido com a comunidade escolar como um todo, envolvendo todos os agentes do processo educacional.

No caso de estudantes da educação rural, o fechamento de escolas ou turnos, a transferência de escolas ou mesmo a unificação de turmas mostram-se medidas que podem gerar mais evasão escolar do que qualidade no ensino. A falta de escolas na zona rural promove ainda o êxodo rural e prejudica muito mais as mulheres camponesas que os homens. Estes têm mais facilidade para sair de casa e se dedicar a estudos em outras localidades. Aqui, mais uma vez então, vemos as mulheres sendo vítimas de políticas que não dialogam com a sociedade.

O debate sobre a educação rural oferece ainda vários outros aspectos. Estes podem ainda ser variados, indo desde a oferta de escolas na zona rural até a oferta de escolas famílias agrícolas, do regime de estudo, da pedagogia da alternância, da integração família escola, das escolas agrotécnicas rurais, dos programas de extensão rural e treinamento de jovens rurais, entre vários outros. A abertura do debate pode contribuir para que o assunto seja de fato tratado como prioridade no âmbito de políticas públicas sérias para a educação pública de qualidade.